Nota de prensa
La Asociación de Amigos da Maruxaina, ha sido invitada a participar en el 1º Encuentro de Teatro Popular del Eixo Atlántico que se va celebrar en Viana do Castelo (Portugal) Capital de la Cultura del Eixo Atlántico los dia 22, 23, 24 de julio.
Después de varios contactos telefónicos y vía email, entre los organizadores de este evento y la Directiva de esta Asociación, varios miembros de esta Directiva se desplazaron hasta Viana do Castelo para ver la posibilidad de realizar allí una representación del Desembarco, el Juicio, el Baile y la Queimada como una pequeña muestra de lo que se realiza en San Ciprián el día de la Maruxaina.
Por parte de la Directiva se ha tomado la decisión de acudir y se va organizar un viaje para unas 50 personas que seran las encargadas de participar en este importante encuentro Cultural e Internacional por ser muy interesante e importante para dar a conocer la Maruxaina fuera de nuestras fronteras.
El día 12 de mayo se hará una reunión con los socios para invitarlos a participar. Un dato a tener en cuenta, es que la estancia y comidas en Viana do Castelo son a cuenta de los organizadores.
Una vez mas, la Asociación de Amigos da Maruxaina intenta, a través de la realización de estos tipos de actividades, promocionar y dar a conocer la Fiesta de la Maruxaina, y prueba de que se van consiguiendo cosas poco a poco, es el reciente premio conseguido por esta Asociación de Lucenses del Año.
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Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico
“Eixpressões”
Viana do Castelo, Capital da Cultura do Eixo Atlântico
Junho e Julho de 2011
Núcleo Promotor do Auto da Floripes
PARTE I
O presente documento apresenta em linha gerais a estratégia que está ser seguida para a realização do Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico. A organização do evento cage ao Núcleo Promotor do Auto da Floripes (Comissão de Festas da Senhora das Neves) em perfeita harmonia com a Câmara Municipal de Viana do Castelo e com as Juntas de Freguesia de Barroselas, Mujães e Vila de Punhe. Serão estas instituições públicas, e representativas de todos os cidadãos que partilham o sentimento de pertença do Auto da Floripes, os parceiros privilegiados na concretização de um evento que nos parece, dentro do contexto do território, da cultura e do teatro popular, uma inciativa impar, de afirmação e de substancial valor.
Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico
No próximo ano de 2011 realizar-se-á nos dias 15, 16, 17, 22, 23 e 24 do mês de Julho o Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico no município de Viana do Castelo. A presente iniciativa resultará de uma parceria entre a Câmara Municipal de Viana do Castelo, o Núcleo Promotor do Auto da Floripes (Comissão de Festas da Senhora das Neves) e as Juntas de Freguesia de Barroselas, de Mujães e Vila de Punhe.
O Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico estará integrado no calendário de eventos anexo a Viana do Castelo – Capital da Cultura do Eixo-Atlântico. Este título será usufruído pela cidade vianense durante os meses de Junho e Julho do ano 2011.
O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular é uma associação transfronteiriça composta, actualmente, por trinta e quatro cidades membros, sendo dezassete do Norte de Portugal e dezassete da Galiza. Com base na proximidade territorial e cultural, tem como objectivo fundamental o desenvolvimento económico, social, cultural, científico e tecnológico das cidades e regiões que lhe pertencem.
Os agentes activos do município de Viana do Castelo abraçam o presente projecto por sentirem responsabilidades no capítulo do Teatro Popular, visto que o município contempla três representações de Teatro Popular (Auto da Floripes, Auto de S. João, Auto de S. António) e manifestações culturais ligadas ao ciclo da lua e do sol (Queima de Judas e Serração da Velha). Ao assumirem o comprometimento de organizar o Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico, os agentes activos da comunidade vianense, para além de demonstrarem, de uma forma robusta, o reconhecimento dado à importância e ao valor cultural do Teatro Popular no espaço geográfico do Eixo Atlântico, promovem a ideia de que mais que uma manifestação do passado, o Teatro Popular é uma realidade cultural do presente.
Por que tem uma razão válida de existir, o Iº Encontro de Teatro Popular do Eixo Atlântico tem como objectivos centrais os seguintes parâmetros: a) Aprofundamento do conhecimento do Teatro Popular; b) Dinamização do Teatro Popular; c) Divulgação do Teatro Popular; d) Inter-câmbio entre os intervenientes. E para que estes objectivos sejam concretizados com sucesso, elegemos como vectores estruturantes do evento cultural as respectivas manifestações: 1) Representações; 2) Colóquio; 3) Exposição; 4) Recolha/Produção Literária; 5) Animação Tradicional.
O Teatro Popular é valioso por várias considerações, nomeadamente pela sua história, pela sua identidade, pelos seus propósitos, etc., no entanto, a sua elevada diversidade também constitui uma razão forte para a sua indiscutível riqueza. Esta fertilidade de Teatro Popular, aliada à dimensão geográfica do evento – Eixo Atlântico –, leva à necessidade de se fazer escolhas. Ainda assim, parece-nos correcto procurar, dentro dos limites de tempo e de recursos que se impõem, que o evento seja verdadeiramente um retrato interactivo, abrangente e actual do Teatro Popular na euro-região do Eixo Atlântico. Deste modo, e dentro dos cinco vectores já referidos, é nossa intenção, com base na diversidade das batalhas, rituais, danças, cantigas e tradições, focar os géneros guerreiro, religioso e profano.
A Síntese (esquema):
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Organização:
Núcleo Promotor do Auto da Floripes (Comissão de Festas);
Câmara Municipal de Viana do Castelo;
Juntas de Freguesia de Barroselas, Mujães e Vila de Punhe.
Apoios
Euro-região do Eixo Atlântico
Câmara Municipal de Viana do Castelo
Juntas de Freguesia de Barroselas, Mujães e Vila de Punhe
Privados
Datas e locais:
15, 16, 17 de Julho de 2011 no Lugar das Neves (município de Viana do Castelo)
22, 23, 24 de Julho de 2011 na cidade de Viana do Castelo
Parte II
Cultura e Identidade:
Reconhecendo que a cultura nos enriquece e nos identifica, como se do ADN se tratasse, não desejámos que o nosso povo desconheça a cultura que lhe confere memória e destino. Encarar o presente e preparar o futuro com prosperidade, sem estarmos munidos de valores alicerçados pelos nossos antepassados e que permitiram a configuração cultural da nossa identidade local, é difícil, problemático e constrangedor. Com efeito, e numa mescla de defesa e conhecimento do nosso património, o investimento na cultura urge. É tão necessário como vantajoso. Cultura é também desenvolvimento!
Não comungando na totalidade da opinião de que o povo é a única fonte de identidade nacional, entendemos, no entanto, que o povo nas suas mais diversas actividades dá um forte e robusto contributo à formação e consolidação da identidade nacional.
A “cultura” é, portanto, um conjunto de saberes nos quais se incorpora cada membro do grupo, de acordo com a sua passagem cronológica pelo processo de vida, mas é, necessariamente, um lugar de confronto, tensão, disputa, consenso e negociação. Mais ainda, é um lugar conceptual que já não pertence apenas aos eruditos, nomeadamente aos antropólogos. O monopólio da “cultura” aparentemente diluiu-se e deu lugar a um novo cenário onde vários actores actuam: académicos, eruditos, média, políticos, mediadores locais (associações ou indivíduos), agentes turísticos, populações locais.
Paulo Raposo, Cultura Popular: Autenticidade e Hibridização
Os Autos Populares
Através do teatro popular podemos descobrir a mentalidade colectiva e a visão do mundo próprio de um povo.
Padre Amadeu Torres (Castro Gil)
Auto Popular é uma expressão complexa, e frequentemente polissémica, pelo modo recorrente com que, nomeadamente, na tradição etnográfica do período de transição do século XIX e início do século XX surge associada a diversas definições. A sua génese parece ter sido resultado da adaptação da figura do velho Auto Religioso – i.e., daqueles verdadeiros momentos sagrados compostos por cânticos, danças, jogos ou representações que ocorriam em actos, procissões, cultos ou evocações religiosas (dentro e fora dos templos) – e que sendo constantemente sancionados pelas autoridades eclesiásticas, foram como que “projectados” para fora dos espaços e da temporalidade estritamente religiosa – sobretudo litúrgica – adquirindo ou (re) inventando contornos estéticos e culturais que os aproximavam de uma “oralitura” (cf. Guerreiro 1983) popular – em termos formais, de conteúdos e performativos. É também sob essa designação que o teatro vicentino virá a implantar-se enquanto produto artístico e literário de produção letrada e escolar para consumo cortesão, ainda que com divulgação popular decorrente de modos de representação popularizadas. O Auto Popular surge ainda como uma espécie de composição poética e teatral híbrida decorrente da circulação popular dos velhos romances medievos ou das narrativas e gestas guerreiras. Cuja tradição erudita original se funde em demais versões populares, logo que a geração de origem se desvanece no correr dos tempos. Finalmente, podemos ainda, de um modo geral, encontrar neste género teatral vários elementos reunidos – acção, representação, texto literário, canto, dança, música e mímica -, resultado de cópias, imitações e adaptações de obras eruditas ou ainda de invenções populares quase sempre anónimas.
Paulo Raposo,
Auto da Floripes: Cultura Popular, Etnógrafos, Intelectuais e Artistas
Teatro Popular é Património
Integram o património cultural as realidades que, tendo ou não suporte em coisas móveis ou imóveis, representem testemunhos etnográficos ou antropológicos com valor de civilização ou de cultura com significado para a identidade e memória colectivas.
Lei de Bases da Política e do Regime de Protecção e Valorização do Património Cultural, nº 1 do art. 91º da Lei nº 107/2001
provocar, quando posível, a recriação, nas próprias localidades, dos espectáculos que dantes ali se produziam com certa regularidade; e dar a conhecer ao público da capital, que nao possa deslocar-se aos lugares onde se realizam, estas obras de arte popular que são, tabém, valiosos documentos culturais e etnográfico”.
Wallenstein, 1974: 57
Teatro Popular na Ribeira Lima
A região de Viana do Castelo apresenta, na margem esquerda do rio Lima, vestígios duma actividade teatral popular notável, com peças do ciclo carolíngio e textos devocionais dramatizados, alguns deles entremeados de farsas, “sotties” e “fantochadas” sob a forma de “buchas” e mesmo a de pequenos “sketches” introduzidos no interior de textos teatrais de género diverso. A sua mancha de dispersão vai desde a Ribeira (c. Ponte de Lima) com um auto carolíngio (a Turquia), a Subportela com uma representação devocional denominada de Auto de S. João, a Portela Susã (com uma representação complexa denominada de Auto de Santo António), ao lugar das Neves (c. Viana do Castelo) onde se representa um outro auto carolíngio (o Auto da Floripes), a Palme (c. Barcelos), onde se representa um auto muito semelhante ao da Floripes denominado Os Doze Pares de França. Peças carolíngias também as encontramos na Galiza, no Douro, em Trás-os-Montes, na Beira Baixa, no Algarve, e até na Ilha do Príncipe e no Brasil e grande é também a mancha de dispersão dos autos de devoção com ou sem representação de passos da historia sagrada. Mas o que é deveras notável é a concentração referida na meia-lua sul do aro vianense, denominada pela representação da gesta carolíngia, muito embora entremeada com os ingredientes populares acima ditos.
Alberto Abreu, O Teatro Popular no aro de Viana do Castelo
Um breve aroma do Auto da Floripes
O Auto da Floripes é um património com três séculos de antiguidade, dez séculos de literatura, vinte séculos de história europeia e de um povo fantasista que absorveu e transmitiu várias influências culturais.
Luís Franco, Auto da Floripes
O Auto da Floripes, à semelhança das residuais representações que ainda proliferam pelo Norte de Portugal, é uma representação teatral de cariz popular com elevada continuidade que, numa mescla de sagrado e profano, tem o objectivo, não só de entreter, mas também de evangelizar. Inserido nos romances carolíngios, “As comédias das Neves”, nome pelo qual também é conhecido, têm uma idade que se aproxima dos três séculos de vida. O ritual da representação anual está guardado para o 5 de Agosto, feriado local e dia da Senhora das Neves, padroeira do Lugar das Neves. De cariz militar, as lutas e as desavenças, depois de avanços e recuos com prisões e traições, cessam; e daí não ser de estranhar ouvirmos, no final da peça teatral, o Imperador Carlos Magno ou até mesmo a Floripes, princesa turca que se converte ao cristianismo por amor, a cantarem as Loas à Senhora das Neves.
Evento cultural de real valor e com elevada substância cultural, o Auto da Floripes faz parte da identidade do vale do Neiva, mais concretamente das freguesias de Barroselas, Mujães e Vila de Punhe. Enquanto relíquia e jóia do teatro popular português, a sua transmissão pelos locais tem decorrido de geração em geração com assinalável bairrismo e fé; no entanto, cabe também aos actuais agentes activos das três comunidades que partilham este símbolo identitário, permitir que o Auto da Floripes continue, hoje e amanhã, a fazer parte das nossas vidas pessoais e comunitárias, não como algo do passado e sem significado, mas como uma realidade que nos orgulha e que serve como elemento de auto-estima comunitária.
O valor e a regularidade do Auto da Floripes
Curiosamente, é o próprio Auto da Floripes das Neves (Viana do Castelo) que mantém ainda uma maior regularidade de representações, juntamente com a Dança dos Bugios e Mourisqueiros; todos os outros, ou foram desaparecendo nas duas últimas décadas ou perderam o fulgor De outros tempos realizamdo-se apenas esporadicamente.
Paulo Raposo,
Auto da Floripes: Cultura Popular, Etnógrafos, Intelectuais e Artistas
Teatro arqueológico? Não. Este é, ainda, teatro do povo, para o povo, sem disfarce nem erro de cálculo. E nesta linha há muito que aprender, investigar, ousar, infiltrando novas significações nos dados e nas heranças da tradição popular (…) Um espectácluo lindo, puro e inesquecível.
Urbano Tavares Rodrigues, 1973 jornal “O Século”
Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça colocam a música do Auto como uma das melhores do património musical português (Cancioneiro Português, Circulo de Leitores, 1981, pp.242-243,328, livro e cassetes e disco de1963).
Padre Mauricio Guerra, 1983
Lista Indicativa de Bens Portugueses à Proclamação das Obras-Primas do Património Oral e Imaterial (apresentada em 30 de Dezembro de 2000). Impérios dos Açores; Representação do Auto de Floripes, em Viana do Castelo; Bailinhos de Carnaval da Ilha Terceira; Fado; Doçaria tradicional portuguesa.
In sítio da Unesco: http://www.unesco.pt/antigo/patrimonioimaterial.htm
O orgulho no Auto da Floripes
É preciso reparar na seriedade com que aqueles aldeões se desempenham do seu papel, secundados, aliás, pelos demais habiatntes de povoação, que uma longa prática torna aptos a criticar atitudes ou jogo de cena errados. É preciso admirr a agilidade daqueles minhostos dançarinos, esgrimindo e declamando a compasso. É preciso louvr a perícia de Brutamontes (um dos personagens do “Auto”), que personifica comicamente, num papel de apartes burlescos, inteiramente improvisado, a inutilidade da violência armada, a fanforronice algo assustada, o bom senso escrito, impermeável aos ministérios do sobrenatural. É preciso atentar na compenetração da Floripes (outro personagem) [e] é preciso, enfim, louvar a pertinácia daquela gente que mantém vivo o seu amos e uma solenidade quase religiosa, de tal modo ancorada no coração .
André Crabé Rocha, 1969: 85-86
Apostar em nichos culturais
Globalmente falando, os gostos dos turistas estão a mudar: cada vez mais o consumo de produtos massificados é preterido e a procura da variedade, da ausência de stress, de poluição e de outros excessos urbanos, cresce (Urry 1990; Featherstone 1994). Os pacotes de turismo de massas estão a perder clientes, e tende a crescer o turismo onde se aprende e se cultiva uma certa nostalgia, se busca herança, crença, e acção do “outro”: “Nem sol, nem areia, nem mar, mas cultura, natureza e vida rural «tradicional», tornaram-se os objectos do turismo pós-moderno.” [Boissevain 1996:3]
Paulo Raposo, Cultura Popular: Autenticidade e Hibridização
Porquê circunscrever ao espaço geográfico
da Euroregião do Eixo Atlântico?
O Norte Portugal e a Galiza estão ligados por factores culturais, geopolíticos e económicos, pelo que o seu desenvolvimento se desenhará cada vez mais pelas linhas da cooperação. A proximidade entre o Norte de Portugal e a Galiza não é meramente territorial, o elo cultural que une estas regiões irmãs é robusto e prima pela existência de traços culturais comuns, reforçando, assim, as razões válidas para se caminhar do passado para o futuro de mãos dadas.
No sentido de promover a cultura e o inter-câmbio entre as populações do Eixo Atlântico, coube à cidade de Viana do Castelo o prestígio de auferir do título “Capital da Cultura do Eixo Atlântico” nos próximos meses de Junho e Julho de 2011.
Núcleo Promotor do Auto da Floripes